Lampiao Padim Cico E A Historia Do Cangaco Parte 01

Lampião, Padim ciço e a história do cangaço parte 1 Conta-se que, em meados da década de 1920, mais especificamente março de 1926, duas das maiores figuras da história do Brasil, ligadas em especial à história do Nordeste brasileiro, se encontraram na cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará. Justamente os dois elementos ao qual se referem os versos do cordelista Moreira de Acopiara: Padre Cícero e Lampião. Oficialmente, interesses nacionais teriam motivado esse encontro, devido especialmente à necessidade do governo federal de ter aliados que pudessem conter o avanço da Coluna Prestes1 (mesmo que tais aliados pudessem ser criminosos procurados, como eram os cangaceiros). No entanto, existiam muito mais elementos do que apenas o futuro do governo de Arthur Bernardes ou a contenção dos revoltosos em jogo – especialmente para os homens de Lampião, aliciados por promessas que iam muito além de uma trégua momentânea, e o grupo político do Padre Cícero, responsável pela intermediação entre os difusos interesses dos cangaceiros e a vontade do poder central. Ainda que motivos extremamente relevantes, podemos dizer que não foram apenas a política e a promessa de armas, munições e um título de capitão que levaram o respeitado (visto que temido) Virgulino Ferreira da Silva ao encontro do poderoso (visto que venerado) Cícero Romão Batista. Dos múltiplos fatores que poderiam ser aqui listados, parece não haver dúvidas de que a possibilidade de estar frente a frente com o seu idolatrado Padim Ciço2 foi um dos aspectos igualmente importantes3 para a ida de Lampião àquele canto, então em pleno desenvolvimento, do Cariri4 . Devoto declarado do Padre Cícero, mas também conhecido por sua grande vaidade e esperteza, Lampião deixou muitos rastros durante a passagem com seu bando por Juazeiro do Norte. Como um político em campanha, ou mesmo um artista famoso em turnê, o chefe dos cangaceiros não apenas preocupou-se em tirar fotografias suas e de seu bando (ver Imagem 3), como ainda “distribuiu muitas dessas fotos com o seu autógrafo e fez questão de posar ao lado de toda a sua família” (LUSTOSA, 2011, p. 63). Também em Juazeiro do Norte, Lampião chegou a conceder até uma entrevista ao repórter Otacílio Macedo, do jornal O Ceará5 , passando, assim, um claro recado de todo o seu destemor e poder às autoridades que ainda o caçavam pelo Nordeste do país. Do outro lado, estava um Padre Cícero que, junto a seus correligionários políticos, não passou sem algum embaraço pela visita dos audaciosos cangaceiros que há tanto tempo vinham aterrorizando o sertão. A situação estava longe de ser confortável para o grupo do religioso, questionados, inclusive, por parte da imprensa cearense. Em matéria do Jornal do Recife de 10 de abril de 1926 (p. 3), mais de um mês, portanto, após a partida de Lampião de Juazeiro do Norte no dia 7 de março, um correspondente do jornal pernambucano em Fortaleza dá conta de que O patriarca em questão, como facilmente podemos concluir, é o Padre Cícero. Um santo homem para alguns; um dentre tantos aproveitadores da fé alheia, um charlatão, para outros. Ou, ainda, sob o ponto de vista socioeconômico, “o arqui-coronel dos sertões” (MELLO, 2012, p. 54), em nada diferente dos demais latifundiários nordestinos6 , que abrigavam e se utilizavam de capangas e cangaceiros para alcançar seus objetivos políticos (FACÓ, 1980, p. 161-162). Seu poder era tamanho que, anos depois, e ainda hoje, dezenas de fiéis e curiosos passariam a visitar diariamente o alto da Colina do Horto, em Juazeiro do Norte. Lá está, junto a um museu e uma capela, a estátua de 27 metros de altura do Padim. Além das fitinhas amarradas nas grades e dos nomes e agradecimentos escritos na própria estátua, os devotos costumam agradecer graças alcançadas dando voltas ao redor da reprodução do cajado do Padre Cícero. Assim, ainda de acordo com Rui Facó (1980, p. 133): E quanto a Lampião? Um bandido sanguinário, um cruel cangaceiro que trabalhava, inclusive, sob a proteção de grandes coronéis? Ou estaria mais para um Robin Hood do sertão, lutando contra os desmandos dos poderosos coronéis, na reação violenta, mas justificável, dos oprimidos? Talvez a definição de Hobsbawm (2010, p. 88), para quem Lampião foi um “[...] herói ambíguo”, soe mais adequada e, de certo modo, apaziguadora.

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