Aristoteles Politica Prof Anderson

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Aristóteles - Política
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Para compreendermos bem o pensamento aristotélico sobre a ética e a política é importantíssimo sabermos que Aristóteles não entendia as duas separadamente. Isso porque ele, assim como os gregos instruídos, não entendia um modo de ser, um comportamento do ánthropos (homem) que não fosse o mesmo do zoôn politikon (animal político). Ser homem para ele era ser político/cidadão.
Tanto é que a palavra ética vem de ethos que de forma abrangente quer dizer modo de ser, e a palavra política vem de polis + ética, ou seja, o modo de ser da pólis. Não existe comportamento racional/inteligível que não seja dentro da pólis.
Segundo ele, um homem que não vivesse em comunidade, ou era um deus, ou uma fera. E se vivesse em comunidade que não fosse uma pólis, seria inferior. Por isso que um estrangeiro era inferior a um grego e era legítimo que ele fosse escravizado.
Daí Aristóteles condenava a escravidão entre os gregos livres, por ser contrário à natureza das coisas. Afirma que algumas pessoas merecem ser escravizadas. Os escravos "naturais" são o tipo de pessoas que têm a capacidade de aceitar ordens, mas não têm inteligência suficiente para pensar por si mesmas. São pessoas mecânicas. Não são muito melhores que os animais.
Aí você pode pensar, mas não é todo mundo gente do mesmo jeito? Não. Aristóteles tinha em mente que todos nós, gregos ou não, somos zoôn (animais), mas apenas os que vivem numa comunidade política, numa pólis, são zoôn polítikon, são ánthropos (ανθρώπου).
Ora, nós já vimos que o pensamento racional surgiu com a pólis. A racionalidade, que é uma descoberta grega, que era, portanto, grega, é uma racionalidade política, no sentido de comunitária, e o que faz o ánthropos (homem) ser superior aos outros animais é justamente isso, ser racional. Mas ele só pode ser racional se fizer parte dessa comunidade política que é a pólis, pois somente nela, ele pode desenvolver a sua natureza racional. E se é assim, a pólis também é algo natural ao homem.
As leis que regem a pólis são criações da palavra (logos/razão), que não é mais ditada pelos deuses a um sacerdote que a transmite aos homens. Ela é genuinamente humana, fruto do debate, da dialética, expressão do logos (razão) que organiza a pólis e reina sobre os homens, não todos os homens, mas sobre os gregos.
É essa palavra (logos) que é o conhecimento do que é útil, do bem e do mal, do justo e do injusto; e viver de acordo com a justiça é viver a boa vida, permitida apenas na pólis. É isso que faz de um grego, um zoôn (animal) politikon (superior), e somente este é ánthropos (ανθρώπου).
Repito, tudo isso de que estamos falando foi construído por eles, por isso, não é obra do homem em geral, mas dos gregos em particular. Aristóteles está falando para os gregos, ele está ensinando a eles, e não a todos os homens do planeta. E por que não?
Por que ele acreditava que só os gregos eram capazes de entender o que ele estava dizendo, e é aqui que reside o preconceito que não é só de Aristóteles, mas dos gregos em geral..